Semana passada nasceu minha priminha tão esperada! A Carol!
Ela nasceu de quase 40 semanas! Foram dias e dias de uma espera interminável, estávamos todos muito ansiosos. Mas ela veio, linda, com 3.200g e 46cm de muita fofura! Todos estávamos naquela curiosidade e ansiedade para conhecer a mais nova princesa da família. O que esperávamos era que em 48 horas após o parto, mamãe e bebê tivessem alta.
Porém a Carol ficou amarelinha (chamada de icterícia neonatal). Pois é, imagina a decepção! Eu estava na recepção do hospital e nem me deixaram subir para conhece-la. Pois ela ia ser transferida para o berçário para tomar o banho de luz.
Bom, contei essa história porque eu, como enfermeira, sabia do que estava acontecendo. Já entendia um pouco do mecanismo da icterícia, mas meus primos não sabiam e ficaram bem preocupados antes de conversar comigo. Assim, resolvi escrever um pouco sobre a icterícia para ajudar os papais novos a entender.
A icterícia neonatal é uma alteração fisiológica, que causa uma coloração amarela na pele e nos olhos do bebê. Isso acontece em 50 a 70% dos bebês, ou seja, é bastante comum. Em 5 a 10% dos casos pode evoluir para a icterícia patológica, e se tornar algo mais sério.
Essa icterícia é causada pelo acúmulo de bilirrubina no sangue do bebê. Essa bilirrubina vem da alta concentração de hemoblogina, que os recém nascidos tem em abundância circulando pelo corpo. E o fígado não consegue metabolizar e eliminar toda essa bilirrubina.
Então, quando a bilirrubina vai aumentando o amarelão vai da cabeça, para o pescoço, tórax e quando é mais intensa chega aos dedos dos pés e das mãos.
Em bebês nascidos a termo, a partir de 37 semanas de gestação a icterícia aparece normalmente a partir do segundo ou terceiro dia de vida.
Quando o bebê apresenta o amarelado na pele, é necessário realizar um exame de sangue para ver o valor da concentração bilirrubina no sangue. Caso esteja acima de 12 mg/dl de sangue, no segundo ou terceiro dia de vida, os médicos já costumam indicar o tratamento. Mas isso não é uma regra, dependendo do peso, se o bebê é prematuro ou não, esse valor pode mudar.
O tratamento é a fototerapia, que é o banho de luz.
Hoje em dia existem berços com a cuba transparente e colchão de silicone transparente e as luzes ficam embaixo do bebê. Ele fica de fralda e com proteção nos olhos e esse berço garante que o bebê receba luz no corpo todo.
Em casos de icterícia mais grave, o bebê pode ficar um tempo prolongado na fototerapia e precisar realizar transfusões de sangue para diminuir o nível de bilirrubina.
Na maioria dos casos, a icterícia passa sozinha, em torno de 10 dias de vida. E não deixa nenhuma sequela para o bebê, mas não pode ser tratada em casa (caso o resultado do exame esteja alto). A fototerapia acelera a diminuição do valor da bilirrubina até o nível que o bebê pode receber alta. Portanto o tratamento deverá ser realizado nos hospitais, com fototerapia.
O importante é sempre procurar o médico pediatra para esclarecer qualquer dúvida.
Se o bebê já saiu de alta e a mãe não sabe como identificar a icterícia pode fazer o seguinte: levar o bebê para um local bem iluminado, e fazer uma leve pressão com o dedo no tórax ou na testa do bebê, quando soltar o dedo, a pele deve ficar branquinha, se ficar amarela, é sinal de icterícia e se isso acontecer, a mãe deve procurar o médico pediatra “sem desespero” para avaliar a icterícia e ver a necessidade de tratamento, afinal não é um caso de urgência.